Campanha da Fraternidade e o Capacita Sul de Minas.
A cada dia fica evidenciado que a atual sociedade tem sua vontade contaminada pelo vírus da indiferença, sendo a pior forma de má vontade. Refletir sobre ações que possam levar a superação dessa cultura da indiferença é algo premente no resgate da Esperança, decisivo para a resistência às vicissitudes da vida.
A Campanha da Fraternidade esse ano apresenta-nos como tema: “Fraternidade e Fome”. Com isso, está possibilitando a realização em nossa região de uma parceria entre diversas paróquias da Arquidiocese de Pouso Alegre, Diocese de Guaxupé e, Diocese da Campanha com o Instituto Federal Sul de Minas e, a Associação Ambiental Cultivar. Uma articulação que visa despertar no conjunto da sociedade, a necessidade de se buscar soluções para superar a fome de milhões de brasileiros, verdadeiro desrespeito à dignidade humana.
Pode-se perguntar qual a relação da Igreja Católica, em sua missão evangelizadora com o tema da fome? Podemos encontrar a resposta na Doutrina Social da Igreja. Iluminada pelos Evangelhos, a Doutrina Social da Igreja apresenta uma visão integral do ser humano, elucidando que a dignidade de cada pessoa é inviolável, pois somos filhos e filhas de Deus. Dignidade estendida em todas as realidades vivenciadas pelo ser humano – sejam elas na família, no trabalho, na economia, na política e, etc.
Pode-se também perguntar qual a relação de uma Instituição pública de ensino e uma instituição privada com a temática da fome. Como toda instituição, sejam públicas ou privadas, elas devem estar voltadas para o interesse e, necessidades da sociedade, em sua responsabilidade social. Em especial uma instituição de ensino, onde sua prática pedagógica, tem de estar vinculada ao Educar para a Vida; que, consiste em Incentivar pessoas a se comprometerem com a construção de um mundo mais humano e solidário.
A criativa parceria está sendo organizada através do projeto Capacita Sul de Minas, que é uma ação existente desde 2021, com recursos de emenda parlamentar do Deputado Federal Odair Cunha. Com grande potencial de contribuição social na geração de emprego, trabalho e renda, com estímulo ao empreendedorismo, serão oferecidos cursos totalmente gratuitos de formação inicial, presenciais, com duração de 10 dias cada, tendo a carga horária de 30 horas.
É um gesto concreto a ser vivenciado durante a Campanha da Fraternidade, pois a capacitação profissional é uma das principais alternativas para se combater o desemprego e a fome. Agregar diferenciais profissionais se torna uma saída para quem procura focar em projetos profissionais e, no exercício da cidadania plena.
A fome jamais deverá ser naturalizada, aceita como algo corriqueiro, pois ela tem suas causas nas desigualdades sociais, raiz de todos os males sociais. Para o Papa Francisco, “a fome no mundo é um escândalo e um crime contra os direitos humanos”. O mapa da fome é vergonhoso, cruel e escandaloso num país que se diz cristão.
Para vencer a fome é evidente ser necessário diferentes decisões e ações no sentido de viabilizar, principalmente, políticas públicas eficientes; mas, também necessário se faz que, superemos essa cultura da indiferença, na qual tem permeado a vidas das pessoas. Não é possível uma sociedade democrática, equilibrada e, justa, baseada no egoísmo de uma lógica de mercado, onde o ter é mais importante que o ser. Nas palavras proféticas do Padre Júlio Lancelotti: “que possamos ter uma Fraternidade sem Fome!”
Roberto Camilo Orfão Morais